Praticar escrita e reescrita textual
Sírio Possenti, no fascículo Aprender a escrever (re)escrevendo, afirma que:
Contudo, quando falamos em “seguir regras”, muitas vezes a escola se concentra apenas em regras de ortografia, pontuação, acentuação etc. As regras de uma produção textual dependem do gênero a ser produzido, da situação comunicativa criada, ou seja, é necessário observar se o texto atende sua função social e as intenções comunicativas dos interlocutores. Muitas vezes, a tão valorizada ortografia pode ser propositalmente alterada, a depender das intenções comunicativas do texto.
Muitas vezes nos frustramos porque acreditamos que, se já ensinamos um determinado conteúdo de ortografia, pontuação, acentuação, concordâncias etc., os alunos não poderiam errar em suas produções escritas.
Possenti (2005, p. 15) destaca que “o conhecimento de regras (decoradas ou fora de contexto) não leva necessariamente ao acerto na prática. Muitos alunos acertam exercícios, mas erram quando escrevem textos”. Por isso, precisamos levar em conta que a escrita é uma prática social (e não uma junção de frases soltas dos exercícios de gramática) para propô-la em sala de aula.
Primeiro ponto: precisamos de práticas de produção textual que façam sentido aos estudantes. “Fazer sentido” significa, basicamente, que haja alguma motivação real para escrever o texto, embora, na escola, algum tipo de simulação seja inevitável. Basta pensar em nossas produções cotidianas − quando vamos escrever, temos uma motivação para isso: uma reclamação em um site relacionada a uma compra não recebida; um e-mail com dúvidas sobre um curso; um relatório sobre a última reunião de coordenação etc.
Também é preciso algum material (informações, fatos, opiniões) sobre o qual o texto possa ser escrito, ou seja, é preciso dar repertório aos alunos. Além disso, em muitos casos, nós pesquisamos, comparamos informações, fazemos anotações, tiramos fotos ou cópias, discutimos com conhecidos sobre o assunto... Ou seja, não escrevemos por escrever e também não escrevemos sobre “temas livres”, sem repertório ou função social, como é comum na escola.
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