“A SALA DE AULA É UM LUGAR PARA OUVIR, MUITO MAIS DO QUE
FALAR”, AFIRMA EDUCADOR
O professor cearense Leunam
Gomes compartilhou o primeiro capítulo de seu livro "Professor com
Prazer", em que escreve sobre a importância de se tornar a sala de aula um
ambiente acolhedor.
A sala de aula é
o local mais importante da escola. É o espaço de comunhão. Um lugar sagrado.
Tudo mais existe em função da sala de aula. A biblioteca, o refeitório, a
cantina, as áreas de recreação, as quadras de esporte, as salas de
multimeios, a secretaria, a direção, tudo está a serviço do sucesso na sala de
aula.
As crianças e suas famílias colocam todas as
esperanças na sala de aula. É ali que tudo acontece. Uma criança pode ter na
sala de aula o começo de seu sucesso. Mas, lamentavelmente, pode ter ali um
local para decepções consigo mesma, com os professores, com os colegas, com a
vida.
Todos nós adultos, que tivemos chance de estudar,
acumulamos histórias e mais histórias a contar de nossas salas de aula. Se um
aluno é valorizado na sala de aula,
isto elevará a sua autoestima e ele aprenderá qualquer disciplina.
E no âmbito da sala de aula, o mais importante é
como acontecem as relações entre professores e os alunos, e dos alunos entre si.
É o prazer da convivência que vai motivá-los a retornarem à escola. É
importante o ambiente da sala de aula: que seja limpo, que seja bem decorado,
que seja bem claro, que seja atraente. Mas os alunos voltarão à sala de aula
pela certeza de que serão valorizados.
Ali deve ser um local especial para construir a
felicidade, coletivamente. Os alunos querem ser respeitados em suas histórias,
suas ideias, seus conhecimentos. Jamais querem ser, como ninguém quer,
desqualificados, humilhados, desvalorizados, subestimados.
“NA SALA DE AULA
É QUE SE FORMA UM CIDADÃO
NA SALA DE AULA
QUE SE MUDA UMA NAÇÃO”
(LECI BRANDÃO)
A realidade mostra que a grande maioria das pessoas
quer aprender e gosta de aprender. No entanto, parece paradoxal, ninguém gosta
de “ser ensinado”, especialmente quando os seus conhecimentos são
desvalorizados e os ensinamentos surgem como uma imposição.
Quem dirige carro sabe o quanto é irritante alguém
ficar dizendo: “o sinal
vai abrir”; “cuidado, aquela pessoa vai atravessar…”; “parece que tem um animal
na estrada”; “é bom dar sinal que vai dobrar…” E
assim por diante. São formas explícitas de demonstrar descrença e insegurança,
em relação a quem está dirigindo.
A nossa escola tem formas tradicionais de
demonstrar desconfiança nos alunos, camufladas sob formas de ajudar. O
professor mostra uma caneta e já diz: “Isto
é uma Ca…” Já pressupõe a incapacidade dos alunos e, por
precaução, diz o início da palavra. Ora, isto é um desrespeito. Por que não esperar
que os alunos digam o que pensam? Se os alunos dão respostas diferentes daquela
que o professor espera, é uma boa oportunidade para um diálogo, em que cada um
exporá o seu pensamento sobre aquele objeto. Mesmo que as respostas dos alunos
pareçam absurdas, cada um terá um motivo para dizê-las. E devem ser respeitados
em suas concepções. Um aluno que tiver a sua palavra bloqueada logo nas
primeiras aulas, dificilmente terá espontaneidade para participar em outros
momentos.
A sala de aula é
o local ideal para começar a exercitar a cidadania, desde os primeiros até os
últimos anos, com o exercício cotidiano da participação, da vivência e da
convivência.
Numa sala de aula de um curso de graduação, em
História, numa cidade do interior do Ceará, um aluno, no primeiro dia de aula,
ousou fazer uma pergunta ao professor, relacionada à disciplina. E a resposta
foi:
– “Se eu soubesse
que o nível de vocês era tão baixo, não teria vindo aqui dar aulas”.
Quem mais ousaria fazer alguma pergunta? Aquela, naturalmente,
era a defesa prévia do professor, para que os alunos não formulassem outras
questões. E, assim, ele ficaria livre para desenvolver o conteúdo da forma que
lhe conviesse. Sem participação.
Daí a importância de saber ouvir os alunos. A sala
de aula é um lugar para ouvir, muito mais do que falar. Quem fala muito, não
tem tempo de pensar, nem de ouvir. Sabe-se da autonomia do professor em sua
sala de aula, portanto, não é preciso esperar decisões que venham de cima.
Muito menos se justifica colocar a culpa na direção ou nos coordenadores
pedagógicos. Usemos, portanto, de nossa criatividade e tenhamos coragem de
ousar e criar formas novas de conduzir a turma à aprendizagem. O mais
importante, é que, todos os dias os alunos aprendam mais. Nosso papel principal
é facilitar o processo de aprendizagem.
Fonte: http://info.geekie.com.br/sala-de-aula/?utm_campaign=LMD-SLS-RTT-CUS-2015&utm_source=hs_email&utm_medium=email&utm_content=31053957&_hsenc=p2ANqtz-_zfcOMrqho-d2jqnYSFlLEi_kpovKKkQQTnDHDo7tAcsA4O3DNHm0-CIJZM1dHLQzgLxZVrxp0x2RZmKwaA5oClPZazEXftBmXY3dzJ9CHF25Rizs&_hsmi=31053957